UM BAÚ DE VÍVERES LITERÁRIOS
José Luiz de Carvalho
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MAIO
Mãe, eu parto.
Apartado um dia de ti
Me tornei Eumundo.
Teu ato ousado de amor,
Em repartir e junto manter
É a real possibilidade de toda forma de conhecimento.
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Consideráveis outros Certo dia; no entanto, esse dia, ou dia desses, não o sei dizer com precisão; é uma data incerta. O tempo corre conosco e também ao largo de nós, por isso ele não deveria importar, deveria sim ser a entidade menos importante da nossa existência. No entanto, o tempo, com seu misterioso assombro, nos devora, nos consome e tudo traga no obscuro interior de sua imaterialidade. Tudo em si é corroído, tragado por ele. Não precisaríamos talvez levá-lo tão a sério, na verdade fingimos mesmo esquecer-se dele; distraídos com o traquejo cotidiano das nossas vidas, construímos àqueles caminhos que julgávamos dirigir-se à senda derradeira, como se um oráculo ou altar das recompensas e indulgências nos esperasse, consagrando nossas conquistas e perdoando nossos fracassos. A ilusão é a primeira aparição quando ainda estamos aninhados no colo, e sequer abrimos os olhos, e também a última. Porque de fato são as ilusões e os enganos as certas linhas obscuras de nossas biografias
Experimento-texto para o lugar onde trabalho José Luiz de Carvalho A transição do século dezenove para o vinte no Brasil traz uma série de complexidades. Naturalmente como é complexa e diversa a história humana, desde que a revolvamos pelos escombros. Em 1889 dá-se um golpe militar que atinge em cheio o Segundo Reinado, com a deposição do imperador D. Pedro II; evento este insistentemente escrito nos anais da história oficial brasileira como Proclamação da República. Do XIX para o XX as combalidas monarquias desabavam como temporais de verão. Os signos do Império com suas toponímias populares e seu culto do um líder carismático dava lugar a um cortejo de novos personagens oficiais fortalecidos, sobretudo, pela vitória da Tríplice Aliança na Guerra do Paraguai (1864-1970) e pelo apogeu dos engenhos e das fazendas onde a força de trabalho era feita pela escravidão, pela submissão vil e cruel dos povos desterrados da África e dos indígenas. A cidade de Curitiba, ness
Oco Não sei onde andam os sentimentos Que qualquer poema desperta. Nem mesmo aonde deixei os manuscritos Com àqueles experimentos; lexemas, palavras, parvoíces... Sou agora meio uma gramema Não é uma doença, eu imagino. Mas um tipo de gangrena Que o muco e as cores muda Assim com a noite ou o dia. Mesmo porque também largo do pesar De morrer pra assim escrever. Não sei, ora bolas, então onde andam Esses tais amores, paixões, desejos, luxúrias... Nem sequer mais sei se eles antecedem, precedem À poesia. Ou rebentam juntos; sei lá, depois. Concomitantemente; incoexistentemente... Sei que a cada instante de vida Que me sorve, certo reviramento constante Inconstante remuda.
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