Intransitivo


Que linda esta manhã

 

Onde borboletas bailam em frestas de luzes

Ou uma chuva cai sobre pedras e cruzes.

 

(Não seja cruel, pensa uma flor,

Por inteira me possua,

 

Porque minha existência é toda tua

E tão grande é minha paixão!)

 

Mas é tolo quem a esta tão perdidamente se entrega?

 

Pois não sabemos se é o amor

Uma ilusão contida num sonho

 

Ou se a própria natureza surge

Do estado de toda coisa bela?

 

Mas temos a ânsia de querer

O enlace da permanência,

 

Se não mais nos basta

 

Todo mel de nosso abraço

Na angústia de longa espera.

 

Mas que é ela a eternidade

 

Senão o fulgor dos instantes

Que para trás leva todo o anseio

 

E a própria lembrança é devaneio

 Onde a vida chama realidade.

 

 

 

 

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