ZOO
I
Um Grou
Pescando o reflexo
Da lua no riacho.
A Harpia
Ameaçando voos
Sobre vales imaginários
E o Jacaré
Na sua micro lagoa
De primitiva maré.
II
As Araras
Um arco-íris
musical.
Uma Capivara
Índia solidão submersa.
Os Cervos
Em seus velozes
Cerrados virtuais.
E uma Anta
Monstruosa
meiguice
Da aurora
que se vai.
III
Os Ursos
Fortes braços
Que em torno do nada
Adormecem.
A Lhama
Musical-andante
Nostálgica
sonata andina.
E o Chipanzé
Imensos
braços
Da flora
ancestral.
IV
Os macacos
Lenta nostalgia
Do mormaço primordial.
Um Hipopótamo
A aquosidade
Azul sideral.
A Girafa
Dá-nos
os astros
Que pisamos distraídos.
E os Cágados
Lentamente
Aprisionam-nos
Lentamente
Em velozes pensamentos.
V
Uma Tartaruga
Que sábia
Sabe
Que jamais nos alcançarão
Os passos de Zenão.
O
Camelo
De Zaratustra
Um irmão.
E o Pavão
Colorida soberba
Nietzschiana crepuscular.
Como o Cateto
Desenho tropical
De mata e de mar.
VI
Um Tamanduá
Sombra
Tupiniquim
Pindorama porã.
O
Leopardo
Jaguarafricana
Manhã.
E um Tigre
Altas montanhas
Com vales profundos
Onde desabar.
VII
As Onças
Tropicália
Uirapuruana.
A Suçuarana
Pedras lunares
Nos campos abertos.
E o Bisão
A força dos longes saberes
E dos pertos.
VIII
Um Graxaim
Mirim açú.
E o Lobo Guará
Solitário Nhanderú.
A Ariranha
Navegue-nos
Na solidão do teu rio-mar.
E a Lontra
Indolentemente navegue-nos
Sob a luz do luar.
XIX
Por fim
Oh Rainha!
Uma Leoa
Ave Regina!
E o Leão
Oh
Rei!
Que nu se fez.
Saúdo-os
(confrades)
Com estes
Perdidos versos
Nas savanas da insensatez.
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