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Mostrando postagens de setembro, 2019
SEDUÇÕES                                        Um solitário Galho Enamorado No ócio Do crepúsculo! Como narciso: De sua   Imagem Que dança Na face Das águas Que bajulam As encostas Ocres Da montanha.
TRAMA                       Sequestro-a em meus delírios, ora vãos E levo tua imagem pela floresta Decompondo-a em pétalas de flores Que espalho ao longo das veredas. Luxurioso segredo, tua beleza Vertida em raro perfume das matas Vai morar nas raízes e no cerne dos frutos Se enrodilhando nos troncos e folhas A desafiar qualquer viajante que passa. Será este meu tesouro escondido Só eu saberei onde os caminhos Se cruzam e tua essência se acha. Assim posso cortejá-la na aurora  Ou no crepúsculo quando as luzes Penetram pomos dourados de acácias. E quando nos amarmos Entrelaçados nossos corpos livres Só no canto das aves noturnas É que nossa aparência é anunciada . E os anjos mancos que visitam Os lugares mais silentes e escuros E todas as ninfas e os sátiros Cantarão pra que nossa paixão rompa  A calmaria mais profunda das águas.
VISITANTE INDESEJÁVEL                                                    Sentou-se próximo à mesa com alguns livros rotos já sobre ela. Um vaso antigo, não tão antiquado talvez, um pouco desgastado pelo tempo e o passar de muitos anos, encimava-se com um pequeno arranjo de flores, artificiais misturadas às naturais que já desfaleciam; umas rosas, um lírio e algumas folhas esverdeadas. Bem à sua frente, onde há muito mirava, um quadro com a figura altiva e vaidosa dos pais. Aquele claustro cheirava antiguidade, tudo ali o remetia para um mundo perdido, um tempo já por quase todos esquecido; memórias, sorrisos e lágrimas soterradas em longínquos crepúsculos. Móveis antiquados, um tapete ancestral que vertia ainda as vozes de vendedores abusivos gritando nas feiras livres; que ainda, sutilmente, guardava risos soltos de crianças correndo e gritando pelos cômodos. Tudo ali jazia, carregado de histórias incríveis e também tenebrosas. E essas vozes, esses gritos constantes, apavora
O artista é a divindade do riso e das lágrimas Pois só ele é capaz de revelar a dimensão dos sentimentos.
 Texto para a exposição Forjada Pelo Tempo do Coletivo Duas Marias, das grandes artistas Malu Rebelato e Nani Nogara Setembro, 2019 UMA FIGURA: MUITAS IMAGENS        Talvez não seja tão árduo definir formas e figuras, quando estas são concebidas apenas através das evidências aparentemente empíricas. Mas o mesmo não se pode dizer daquilo que a elas é sutil, quase imperceptível, o que é simbólico para além dos fenômenos que nos assaltam os olhares e as primeiras sensações. Assim é o caso desta obra em movimento Forjada pelo Tempo do Coletivo Duas Marias . Ela é real e concreta, contém os traços marcantes deixados pela natureza e pela cultura do feminino: do feminino que se engendra, se constrói e se reconstrói ao longo da história. Mas, ao mesmo tempo – e aqui reside sua magnitude poética –, recusa quaisquer insistências dos entendimentos somente dualistas, das particularidades dos gêneros e das representações factuais. Como em Virginia Woolf. O feminino aqui é
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Podemos redigir compêndios, tratados  e traçar mapas da terra, dos céus, dos deuses e do infinito. Mas nada nos previne contra o coração desarmado. Uma chuva repentina na quase madrugada. Uma flor que antes ali não estava. O cheiro inebriante do oceano. Um mergulho no mar. Uma caminhada na senda misteriosa da floresta. A alegria de um nascimento. A ingenuidade da criança. O espanto e a dor de uma partida. Nada nos previne de um súbito amor. De uma paixão que não se controla. Um gozo. Uma nota musical que emociona. Um poema. Não temos prevenção contra as sutilezas e as armadilhas do coração. Por isso lutamos as batalhas vãs das formas, crenças e valores. Há uma grandeza no imponderável dos belos sentimentos. Amor e bem. Sonho e desejo. Vontade de amor! Por estas ausências somos torturados. A luta inglória das cegas crenças nos distancia de lugares perdidos de nossa humanidade. Uma caverna escura e silenciosa. E se tivermos coragem de entrar ali de novo. Talvez se possa
SILÊNCIO                                    O silêncio dos tiranos é muito preocupante! Pois não sabemos a extensão da trama que estão a conduzir. Já o silêncio dos bons e verdadeiros amigos é algo misterioso e maravilhoso! Porque sabemos que em seus frágeis corações estão cultivando aquele cuidado silencioso com tudo que amam. E regando aquela flor mágica do bem-querer, que carinhosamente e simbolicamente nos entregam sempre que os reencontramos.
Poema de aniversário que escrevi para a amiga Bianca em Setembro de qualquer ano É aniversário dela E também primavera. O sereno fora um pranto: Que manhã agora! Fios de luzes descansam na relva E borboletas e flores chovem no campo.