A tarde em nós


A tarde está parada
Na estrada onde passamos
No ocre horizonte do nosso destino.

Solidão, indisfarçável melancolia
Pétalas caídas de ramos da dor
Nesta tarde que nos esvazia.

O pássaro que longe cantava
Retraiu suas asas
Em seus olhos nossa figura, sem formas:

A tarde está parada
No informe azul das utopias.

Mas na poeira dos sonhos
Nossa voz é música da noite
Rio que corre, chuva que cai, sopro divino.

Seguiremos caminhando
Velando nossas flores impuras
No calor da tarde que nos esvazia.

E seguiremos cantando
Para que a magia das palavras

Liberte em todos os dias
O escaldante sol da poesia. 




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