REVOLVER
Revolvi todo lodo
E todo véu que
Escondia minha alma primeva,
É uma batalha épica
Pela qual penso me libertar,
Tirar toda penúria que séculos
De dominação do espírito,
Me tornaram fraco, impotente,
Cultuador de formas, mancebo
Dos desígnios dos sonhos
De aliciadores da moral,
Vendedores de mistérios
Extra-mundanos que aprisionaram
Meus instintos e selaram um túmulo,
Onde jaz o prazer pelo efêmero,
O gosto não refinado pelo gozo,
O desprezo pela conformidade.
Porque vou ao encontro do meu
Diamante mais bruto, da lama orignária,
Onde éramos uma natureza-deus,
E falávamos com as feras eleusinas,
Com o vento, na escuridão do mundo,
Que era banhado pela luz primitiva do sol,
De lá voltarei ausente de mim mesmo,
Dessa morte, reconciliado com todos os seres,
E nos amaremos celebrando a expulsão de deuses
Que inventamos para aprisionar nossos impulsos.
É uma batalha tão dura porque
Se dará dentro de mim, onde dentro tudo está,
Mas nos desvãos e labirintos dos sonhos.
Anuncio a indisciplina do meu ser,
Talvez a minha desaparição,
Porque pretendo nessa solene loucura
Chegar à encruzilhada onde tudo começou
Ou sempre começa.
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