ONDE
Tudo está na música que eu ouvia
Ouço
E ainda mais na que jamais ouvi.
Ou sequer ouvirei.
Na sinfonia alucinante
Onde parece haver só o silêncio.
Pois ali estava o meu ser em suspensão
Ali estará sempre o susto e o fulgor excelso.
Sobressalto da minha aparição.
Nesses alis estão os sulcos, as fendas e alcantis
Os sentimentos mais estremes.
Agora sei que jamais fora na quimera
Tão reluzente das coisas que
Me identificava.
Havia o receio desta minha verdade
Para mim esplendor estava onde não estava.
Atrás do sol reluzente deveria
Haver algo que o sustentava.
Da lua e da luz cintilante
Um rumor pelo qual brilhava.
Mas não é um deus ou criadoras
Divindades
Senão uma transcendência que por certo
Nunca se apresentava.
Por isso que de ti me escapa por vezes
A figura que o tempo leva.
Parece que teu rosto se evenasce
E teus lindos olhos que tanto amei
Espalham as cores num recôndito lugar.
Mas porque vivo nessas fissuras
Que importam as coisas
Senão em si o sentido que cada traz.
Por isso que o que não esqueço
Do amigo sol é o calor que me aquece
Da rútila lua o brilho que me apaixona.
E de ti a eterna presença do perfume
Que não se desassoma
Do teu corpo e espírito
O mistério que se fez em forma.
E o que tudo isto resume
Pode se dizer: amor.
Se o procuro não o encontro
Se acontece em tudo está e não é aparência.
E que me abandone de mim
Sei que ele jamais me abandona.
Comentários