Necessariamente ou poema inacabado
Necessariamente
Não preciso de tudo aquilo
Que completa.
Vivo do que basta
E se sou parte ou pedaço,
Pouco importa o que resta
Toda coisa em si se desgasta.
Se são pedaços e partes
Intimamente inteiras:
Por que necessariamente a totalidade?
Precisamente tal necessidade.
Necessariamente não precisa
O amanhecer que se lhe tome alvorada,
Nem primavera que se diga
Às flores brotadas.
Por que afinal tiras o singular dos seres
E humanos se lhes chama humanidade?
A quem interessa a não pluralidade?
Acaso é preciso mesmo
Que se junte em todo
A beleza da unidade?
Comentários